“Um dia alguém na sua mais genuína humildade e modéstia curiosidade tentou decifrar o colossal segredo que está por detrás de um emaranho mas, magnificamente delineado e torneado jogo de tintas, cores e sombras, provenientes do mais fino do pincel banhado de uma enorme multiplicidade de tonalidades até ao formidável gesto de tornar a mais simples, inocente, pura e límpida tela branca, ao de apresentar o mais delicado, harmonioso, espirituoso, bonito e esbelto resultado oriundo da mais preciosa associação de cores e traços que surgem da aplicação excepcional da pincelada do seu criador, perfazendo a difícil, majestosa, imponente, aprumada e glorificada obra que se apresenta na superfície de um quadro.
Este acto que à priori se apresenta simples, que é a explanação sumária do objecto
Que, na sua última fase temos o privilégio de constatar, alvo de inúmeras fases revela-se mais complexo do que o simples resultado final.
Este que se afigura uma panóplia de algo com bastante complexidade que surge de entre uma miscelânea de sentimentos condensados e armazenados no mais puro e secreto abismo que o pintor conserva em si, plasmados, modelados, delineados, aperfeiçoados de uma forma alegre, liberal e apaixonada particularmente especial no seu talhe mais puro, cristalino e profundo possível, perfazendo algo abastado do mais apaixonado amor provenientes da mais pura fonte da sua criação.
Esse objectivo inicialmente utópico de atingir a mais espantosa, única e gratificante totalidade de uma obra.
Este interminável amor que é sentido pela pessoa que possuí o gosto tremendo de salpicar, traçar e brincar com as cores, mas uma brincadeira que se torna perfeita e um gosto que passa a um amor, em fim um resultado que ultrapassa o objectivo, um objectivo que culmina num objecto que pela sua beleza e sentimentos condensados e aglomerados passa a gerar a mais humilde e sensação de atracção e de comunicação com os olhos dos olhos da população.
O mais puro e honesto resultado desvaloriza o mais fiel escudeiro, o mais íntimo dos amantes, o mais essencial companheiro e a mais pura da fonte que o alimenta, alguém que não se conhece mas está lá, é indirectamente desvalorizado, mas ele é a ponte necessária para chegar ao paraíso, o caminho necessário para chegar ao destino.
Este estado de coisas que se torna único e especial para quem o elabora, visíveis para todos, mas apenas interpretáveis por alguns e compreendidos no seu todo por um, o seu autor, toda esta humilde capacidade de contornar e delinear as palavras para denominar, A tela, A tinta, O pincel, O pintor, A Pintura enfim a Obra de Arte”.
(Kamilo)
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