EXPOSIÇÃO DE PINTURA



O grupo Amigos de Pintar tem agendado para o próximo mês de Novembro uma exposição temática.
Novos trabalhos em breve!

Mestre da Lourinhã na Berlenga...


Obra pintada por Mestre da lourinhã, pintor do Sec.XVI , da escola Luso-flamenga .
Esta obra foi oferecida pela segunda mulher do rei D. Manuel, a rainha D. Maria ao Mosteiro de monges jerónimos existente na ilha da berlenga ( Forte de S. João Baptista) e quando este se extinguiu foram levados para o Mosteiro de Vale Bem Feito ( em Peniche ) e posteriormente para a Misericordia da Lourinhã.
(mestre da Lourinhã pode ser o pintor Alvaro Pires)


Cidade
 
Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu em ti fechada e apenas vejo
Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas a sombra pelas paredes
A minha alma que fora prometida
Ás nódoas branco e ás florestas verdes.
Sophia de Mello Breyner Andresen
 
Tela pintada por:
Lucinda Monteiro
 

Trémulos vincos risonhos
Na água adormecida
Porque fiz eu dos sonhos
A minha única vida?
Contemplo o Lago Mudo
Contemplo o lago Mudo
Que uma brisa estremece
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece
O Lago me diz
Não sinto a brisa mexê – lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo

Fernando Pessoa


Tela pintada por:
Barbara Almeida
 
 

 
Quando as crianças brincam          

Quando as crianças brincam      
E eu as ouço brincar,      
Qualquer coisa em minha alma   
Começa a se alegrar      
E toda aquela infância      
  Que não tive me vem,       
Numa onda de alegria      
  Que não foi de ninguém.       
Se quem fui é inigma,        
E quem serei visão,      
  Quem sou ao menos sinta      
  Isto no meu coração”                                 

FERNANDO PESSOA   

Pintado por:
Kéu Almeida
 


O meu Alentejo
 
“Tudo é tranquilo calmo e sonhador…
Olhando esta paisagem que é uma tela
De Deus, eu penso então; Onde há pintor.
Onde há artista de saber profundo
Que possa imaginar coisa mais bela.
Mais delicada e linda neste Mundo?”
Florbela Espanca
 
 
Tela pintada por:

 


Em Dias de Luz Perfeita e Exacta
Ás vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as cousas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Por que sequer atribuo eu
Beleza ás cousas
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existem apenas.
A beleza é o nome de qualquer cousa que não existe
Que eu dou às cousas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então por que digo eu das cousas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as cousas,
Perante as cousas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ver senão o visível!
Alberto Caeiro, in“O Guardador de Rebanhos – Poema XXVI
Tela pintada por:
Maria João

Poema de amor – Colar de pérolas
 
 
Eu tenho um colar de pérolas
Enfiado para te dar:
As pérolas são os meus beijos,
O fio é o meu pesar.

Fernando Pessoa
 
Tela pintada por:
Muriel Legrand